Durou cerca de meia-hora a intenção do F.C. Porto em conseguir a primeira vitória em Inglaterra. Van Persie abriu então o marcador, surgindo mais rápido do que Fernando e Rolando na zona de finalização, e nesse momento a formação de Jesualdo Ferreira quase terminou. A partir daí todos os projectos de ataque se tornaram inconsequentes. Antes do golo de Van Persie, é justo dizê-lo, o F.C. Porto tivera uma boa dose de infelicidade. Em três jogadas ficou muito perto de marcar. As melhores oportunidades, aliás, tinham-lhe pertencido: Rodriguez atirou à trave, Lisandro obrigou Almunia a grande defesa e o mesmo Lisandro viu Clichy tirar-lhe o golo em cima da linha.
Uma boa dose de infelicidade, é verdade que sim, mas sobretudo uma maior dose de timidez. O F.C. Porto entrou no Emirates Stadium claramente intimidado. A equipa defendia com todos atrás da bola e raramente conseguia segurar o jogo. Os jogadores pareciam ter receio de assumir o futebol e segurar a bola por mais de um instante.
Faltou Lucho, o verdadeiro
Nessa altura foi impossível não pensar em Lucho. O argentino poderia ser o homem que a equipa precisava para a tranquilizar e personalizar. A verdade é que Lucho está sem ritmo. Percebe-se que não tenha sido titular. Entrou na segunda parte e nunca conseguiu mexer com o jogo como se esperava: nesta altura é um jogador de ritmos baixos.
Por isso a ideia de Jesualdo era interessante. Sobretudo porque Tomás Costa funcionou bem sobre a direita, cobrindo o espaço defensivamente e apoiando o ataque com fulgor físico. O problema foi o nervosismo da equipa. Incapaz de sair para o ataque, sem conseguir segurar a bola e sobretudo cometendo erros defensivos em sucessão.
Pior do que a derrota, foi o embaraço
O volume do resultado tem muito de culpa própria, aliás. As laterais do F.C. Porto foram sempre um buraco aberto ao ataque do Arsenal. Sobretudo o lado esquerdo, onde Benítez não terá nunca capacidade para segurar um jogador como Walcott. Ora por isso o Arsenal fez o que quis com a formação azul e branca. Chegou até a ser embaraçoso.
O Arsenal fez o segundo golo ainda antes do intervalo, numa jogada em que Adebayor ganhou de cabeça a Rolando. No regresso dos balneários o F.C. Porto ainda sonhava e Jesualdo lançou Lucho para a equipa ganhar asas. Uma falha incrível de Bruno Alves, que se deixou ultrapassar por Walcott como um principiante, terminou com a esperança.
Van Persie fez então o terceiro golo e o F.C. Porto perdeu completamente o norte. Nessa altura deu para tudo. Para os jogadores do Arsenal se divertirem com um futebol mais solto, para os adeptos se entusiasmarem, para Adebayor marcar mais um golo numa grande penalidade infantil de Guarín. O resultado ficou em 4-0, mas podia ser pior.